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não-lugar expositivo, brecha.

falávamos de uma brecha. e de uma vontade que arrisca ocupar essa brecha para dilatá-la.

discutir pornodissidências em rede a fim de produzir em comum exposição e plataforma online é a vontade. a brecha, paradoxalmente, é um “não-lugar expositivo” situado num dos equipamentos culturais do estado do rio grande do norte.

se olhamos a planta baixa da pinacoteca potiguar (http://issuu.com/pinacotecapotiguar), vemos uma série de “espaços expositivos multiuso”, cercados de outros tipos de espaço, supostamente não-expositivos, como escritório, banheiros, escadas, corredores esquecidos… de maneira semelhante, essa estratificação dos espaços reflete uma estratificação dos conteúdos que interessam ao bom funcionamento desses espaços ditos expositivos – afinal, que discursos artísticos estacionam nas salas iluminadas, e quais escorregam pelos cantinhos escuros.

por um lado, isso mostra que os equipamentos oficiais não são uniformes, pois tem suas brechas (seus “espaços alternativos”), que podem ser ocupadas e potencializadas, desestabilizando os esquemas segundo os quais estes se organizam. por outro, sugere uma precarização de certas linguagens artísticas e de certos discursos estéticos que, de alguma maneira, tendem a ser produzidos como ausentes por certas geografias expositivas.

por.NE.dissidência atravessa, também, essas questões, já que estamos implicades nesse processo político de negociação com a pinacoteca.

dado o caráter borderline – entre pornô, arte, ocupação artística e artivismo – e desviante do discurso estético que almejamos excitar por meio desta rede, os tipos de espaço que recortamos são, justamente, aqueles supostamente não-expositivos; quatro brechas: um banheiro, um pequeno hall, uma escada e uma saleta abaixo.

[img: planta baixa, piso superior, pinacoteca: banheiro, escritório (hall) e escada]

[img: planta baixa, piso superior, pinacoteca: banheiro, escritório (hall) e escada]

planta baixa piso de baixo pinacoteca

[img: planta baixa, piso inferior, pinacoteca: escada, saleta]

a forma como ocuparemos esses espaços só será realmente definida ao longo do processo de trocas que realizaremos entre curadorxs, artistas e provocadorxs – a partir das proposições de cada umx dxs artistas e das discussões que se desdobrarem.

de antemão, percebemos que o caráter não-convencional desses espaços que estamos negociando suscita em nós uma forma de curadoria que tanto se quer porosa às interlocuções com artistas e provocadorxs, quanto se reconhece como forma de arte, uma vez que está em jogo a criação de espaços, redes e de um discurso estético pornodissidente que se manifeste tanto nas obras enviadas, quanto na forma de acoplá-las ao espaço.